sábado, 12 de janeiro de 2019

Porque precisamos de um avivamento bíblico no Brasil


Porque precisamos de um avivamento bíblico no Brasil

Acaso trocou alguma nação os seus deuses, que, contudo não são deuses? Mas o meu povo trocou a sua glória por aquilo que é de nenhum proveito.
Espantai-vos disto, ó céus, e horrorizai-vos! Ficai verdadeiramente desolados, diz o Senhor.
Porque o meu povo fez duas maldades: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram para si cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas.
(Jeremias 2:11-13)

Quando medito sobre o estado da  igreja evangélica contemporânea eu sinto um peso no coração tão forte que não posso explicar.  

Nem na idade das trevas os crentes eram tão cegos, tão vaidosos, tão avarentos e tão apegados a este mundo.

Nós perdemos o senso da realidade da existência de Deus.
Nós perdemos o senso da realidade da existência de Deus e de sua santidade no culto.

Por isso somos irreverentes
Por isso somos pobres de conhecimento.

O Deus que tem sido apresentado aos nossos jovens pelos pastores modernos, é bem diferente, ou porque não dizer é completamente diferente do Deus que é apresentado nas escrituras.

No livro do profeta Malaquias logo no primeiro capítulo Deus faz essa pergunta:

Se eu sou o vosso Deus, onde está o respeito para comigo?
Nossa geração não ora, a não ser por coisas materiais ou por motivações egoístas.

Nossa geração não lê a bíblia porque que não há admiração por ela
Nossa geração não evangeliza, porque não ama o outro.  
Nossa geração não pratica a caridade, porque é egoísta  
Nossa geração pratica o pecado deliberadamente, porque não sente dentro do peito a tristeza produzida pelo Espirito Santo, se é que a pessoa recebeu o Espírito Santo.

Os pais são irresponsáveis na criação dos filhos, não há cultos nos lares, porque estão sempre cansados ou estressados.
  
Os filhos desrespeitam seus pais, falam como se o pai e a mãe fossem um igual.  

Os jovens, mesmo os que se autodeclarem evangélicos são sujos, falam com  um palavreado imundo  e vivem uma vida mundana

Os adultos são preguiçosos e glutões, fofoqueiros, murmuradores, e sem compromisso com a obra.

Os Pastores na sua maioria são  corruptos e pregam  mensagens heréticas.

A irreverencia nos cultos, nos cânticos em tudo.

Nossa geração não conhece nem o livro de Deus e nem o Deus do livro. 


A teologia da prosperidade, o antropocentrismo, o materialismo, o mundanismo, meu Deus! Eu sinceramente não tenho mais palavras para descrever o estado do evangelicalismo atual.

A postura de alguns cristãos místicos é ridícula e ainda atribuem seus gestos de loucura e seus atos proféticos ao Espirito Santo.
Então alguém me pergunta: Porque tarda o Avivamento? Porque o desanimo espiritual?
Porque não estamos levando Deus a sério!

Ser Cristão significa morrer para essa vida!
Ser Cristão significa viver para Deus e não amar este mundo e nem o que há nele.
A graça é maravilhosa, mas não é uma graça barata. Jesus Sangrou na Cruz para nos Salvar, para que fossemos santos e glorificássemos o seu nome.

Segundo a Bíblia, Uzá morreu por irreverencia, (2Sm 6:7)  que diz que "Deus o feriu ali por esta irreverência..."
Ele Sabia que a Arca não podia ser levada em carro de bois, ele era levita,
A Arca estava em sua casa há 60 anos.
Mas me parece que nem ele e nem Davi estavam levando Deus a sério.

Essa é uma questão Teológica séria, se a bíblia não ordena então eu não faço.

Aqui não é uma questão de fazer a obra de Deus com boas intenções
Eu entendo que a intenção poderia ser boa, a arca chegaria mais rápido!

Mas a questão é que Deus quer que sua obra seja realizada da forma que ele determinou!

Davi estava dançando segundo o Livro de Crônicas, Ele não poderia imaginar que Deus levava tanto a sério os elementos do culto.

Agora eu te pergunto:   

O culto de sua igreja está de acordo com as escrituras?
Ele é solene?
Os cânticos são espirituais?
A pregação é Teocêntrica?

Ou você usa do carro de bois?

Muita Festa! Muitos congressos, em (Êxodo 32.5) Arão disse, amanhã será festa ao Senhor !

Mas esta festa está de acordo com o que Deus predeterminou em sua palavra?

Podemos colocar um bezerro de ouro para representar Deus e dançar como loucos esquizofrênicos ao redor dele.
Podemos fazer replicas da arca, construir, ou construir uma maquete do templo de Salomão, podemos  colocar uma prancha de surf no púlpito?
O que Deus pensa disso?

Eu te respondo: Isso é uma afronta a Santidade de Deus
Por isso não há novo nascimento.
A profecia de Paulo esta se cumprindo diante dos nossos olhos:

Conjuro-te, pois, diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu reino,
Que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina.
Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências;
E desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas.
Mas tu, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério.
Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo.
Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.
2 Timóteo 4:1-7

Falsos profetas produzem falsas pregações e falsas pregações produzem falsas conversões!

Muitos me dirão naquele dia: 'Senhor, Senhor, não profetizamos em teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios e não realizamos muitos milagres?' Então eu lhes direi claramente: Nunca os conheci. Afastem-se de mim vocês que praticam o mal! (Mt 7.22-23)

Em resumo o Senhor está dizendo: Hipócritas!

Em ( At 5.1-11)

Ananias e Safira tentaram mentir para o Espirito Santo!

Agora eu te pergunto: Você pode enganar a igreja, o povo que tem pouco conhecimento e até sua esposa e filhos. Você que é obreiro, você pode mentir para o pastor.
Você Jovem, Adulto, Homem e mulher, vocês podem aparentar diante dos homens, Mas vocês acham que Podem escapar dos olhos de Deus?

Mas Jesus diz em apocalipse:  A todas as Igrejas da Ásia: Eu conheço as Suas Obras !  

Se buscarmos retornar ao que éramos em 1600 no tempo dos puritanos, precisaremos  nos arrepender com choro e rasgar o nosso coração diante do altar.

Devemos pregar sobre a Santidade de Deus e contra o pecado dos homens.
Devemos falar mais sobre o céu e o inferno do que sobre a vida na terra.
Devemos ensinar aos nossos irmãos o que é serem discípulos e o que está acontecendo na Índia e na África, na china e o que aconteceu no passado.
Devemos nos despegar desse mundo material, Porque o que eu tenho até mesmo a minha carne será um pedaço de carniça em um buraco.
Que Deus tenha misericórdia de nós e na sua ira, seja misericordioso e nos de um verdadeiro avivamento bíblico.



sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

A morte do Incrédulo


A Morte do incrédulo
Depois que o idoso lutou com uma longa enfermidade e suportou o peso da dor, achando que agora pode esperar algum sossego, vem a morte, o carrasco da natureza, a maldição de Deus, o fornecedor do inferno. Olhando para o velho com cara feia e sombria, sem dó da sua idade, nem levando em conta as suas dores, suportadas por muito tempo, não se deixará comprar por prata ou ouro para se deter. Nada disso! Ele não aceitará nada para poupar a sua vida, exigindo pele por pele (Jó 1) e tudo o que o idoso tem; e então espanca todas as partes principais do seu corpo e prende o pobre homem para fazê-lo comparecer diante do terrível Juiz. E, como que achando que o velho não se dispõe a ir com ele depressa o bastante, ó Senhor, quantos dardos de calamidades ele atira no idoso: pontadas, dores, cãibras, febres, obstruções, resfriado, catarro, cólica, pedra (cálculo), gases, etc.
Oh, que visão cadavérica, vê-lo ali em seu leito, quando a morte lhe dá o golpe final! Que frígido suor escorre por todo o seu corpo — que tremor se apossa de todos os seus membros! A cabeça metralha, o rosto empalidece, o nariz escurece, o maxilar inferior descai, os nervos oculares estão prestes a se romper e se dividir. Agora a pobre e miserável alma percebe e sente que o corpo terreno começa a morrer. Parece o final do mundo, quando ocorrerá a dissolução da estrutura universal. O sol se converterá em trevas, a luz em sangue, as estrelas cairão do céu, o espaço estará cheio de tempestades e de faiscantes meteoros, a terra tremerá, o mar urrará estrondosamente e os corações dos homens falharão de medo, esperando o fim de tão lastimosos começos. Assim também, ao se aproximar a dissolução do homem, que é o pequeno mundo, os seus olhos, que são como o sol e a lua, perdem a sua luz, e ele não vê nada senão a culpabilidade sangrenta do pecado. O restante dos sentidos, como estrelas menores, vacilam e caem; a sua mente, a sua razão e a sua memória, como os poderes celestes da sua alma, sofrem abalos causados por temporais de desespero e violentas faíscas do fogo do inferno; o seu corpo terreno se põe a sacudir e a tremer, e os humores, como um mar encapelado, roncam e ribombam na sua garganta, ainda à espera do funesto fim destes terríveis males iniciais.
Enquanto ele é assim intimado a comparecer às grandes sessões do julgamento divino, eis que outra sessão de julgamento e entrega à prisão é dirigida dentro dele. Nesse tribunal a razão se assenta, desempenhando a função de juiz, o diabo apresenta uma lista de acusações tão comprida quanto aquele livro ou rolo de Zacarias (Zc 5.2; Ez 1.9,10). Nessa lista são alegadas todas as más ações que você cometeu e todas as boas ações que você não fez, e todos os juízos e maldições devidos a todo pecado. Sua própria consciência vai acusá-lo, sua memória vai lhe dar amarga prova, e a morte está no tribunal, pronta, como um fiel executor, para despachá-lo.
Se você mesmo vai se condenar dessa forma, como escapará da justa condenação de Deus, que conhece todos os seus delitos melhor do que você (ljo 3.20)? Bem que você gostaria de tirar da sua mente a lembrança das suas más ações que o inquietam; porém, elas fluem mais rapidamente para dentro da sua memória, e não serão postas fora, mas sim, bradarão para você: “Nós somos as suas obras, e vamos seguir você!” E enquanto a sua alma está assim por dentro, sem paz e em desordem, os seus filhos, a sua mulher e os seus amigos o amolam, querendo que você ponha em ordem os seus bens. Alguns gritam, alguns suplicam, alguns clamam por piedade, alguns com elogios; todos, como moscas varejeiras, ajudam a tornar as suas tristezas mais tristes (Lc 12.20).
Agora os demônios, que vêm do inferno para buscar a sua alma, começam a lhe aparecer; e ficam esperando para pegá-la e levá-la embora, tão logo ela deixe o corpo. A alma gostaria de permanecer no corpo, mas sente que ele começa a morrer gradativamente, e que está prestes a desabar sobre a sua cabeça como uma casa em ruínas. Ela está com medo de sair, por causa daqueles cães de caça do inferno que a esperam. Oh, ela, que gastara tantos dias e tantas noites em passatempos vãos e ociosos, agora daria o mundo inteiro se fosse seu, pela demora de mais uma hora, para que tivesse tempo de se arrepender e ser reconciliado com Deus! Contudo, isso não pode acontecer, porque o seu corpo, que se juntava a ela em suas ações pecaminosas, agora está inteiramente inepto para se juntar a ela no exercício do arrependimento; e é preciso que o arrependimento seja do homem todo.
Agora ela vê que todos os seus prazeres se foram como se nunca tivessem existido e que agora só lhe restam tormentos que nunca terão fim. Quem pode expressar suficientemente o seu remorso pelos seus pecados, a sua angústia pela presente miséria e o seu terror pelos seus tormentos futuros?
Nesta extremidade ela procura socorro em toda parte e se vê sem socorro o tempo todo. Por isso, em sua maior miséria, desejosa de ouvir a menor palavra de consolo, dirige a seus olhos estas palavras ou semelhantes: “O olhos, que no passado eram rápidos para enxergar, vocês não podem achar nenhum consolo, alguma coisa que me ajude a escapar deste perigo terrível?” Todavia, os nervos óticos se romperam, e os olhos não conseguem ver a vela acesa diante deles, e não conseguem nem discernir se é dia ou noite.
A alma, não encontrando nada que a conforte nos olhos, diz aos ouvidos: “O ouvidos, que gostavam de se recrear ouvindo discursos novos e agradáveis e a doce harmonia das músicas, vocês podem ouvir alguma notícia, algumas boas novas de consolo para mim, por menor que seja?” No entanto, ou os ouvidos estão tão surdos que nada podem ouvir, ou o sentido da audição ficou tão fraco que não suporta ouvir os seus amigos mais queridos falarem. E por que esses ouvidos deveriam ouvir notícias alegres na morte, sendo que nunca pararam para ouvir as alegres novas do evangelho nesta vida? O ouvido não pode ministrar nenhum conforto.
Então ela fala da sua aflição à língua: “O língua, você, que costumava se gabar com os mais valentes, onde estão agora as suas palavras grandiosas e atrevidas? Agora, em minha maior necessidade, você não pode dizer nada em minha defesa? Não pode amedrontar estes inimigos com palavras ameaçadoras, nem lhes fazer súplicas com belos discursos?” Ah! Já faz dois dias que a língua ficou sem fala. Em sua maior extremidade, ela não pode pedir um pouco de bebida, nem contar a um amigo o seu desejo de que ele tire com o dedo o muco do nariz que se acumula e está prestes a entupi-lo.
Não achando ali nenhuma esperança de ajuda, ela diz aos pés: “Onde estão vocês, ó pés, que houve tempo em que eram tão ágeis para correr? Não podem me levar para qualquer parte distante deste lugar perigoso e tenebroso?” Entretanto, os pés estão completamente amortecidos. Se ninguém os mover, eles não poderão se mover.
Então a alma dirige as suas palavras às suas mãos: “O mãos, que tantas vezes foram aprovadas para uso do homem, na paz e na guerra, e com as quais me defendi muitas vezes e feri inimigos, nunca tive mais necessidade de vocês do que agora. A morte me olha sombriamente na cara e me mata — demônios do inferno esperam em volta da minha cama para me devorar: ajudem-me agora, ou perecerei para sempre”. Que lástima! As mãos estão tão fracas e tremem tanto que não podem fazer chegar à boca uma colherada de líquido para restaurar a natureza extenuada.
A alma aflita se vê desolada dessa forma e completamente destituída de amigos, ajuda e consolo. Sabendo que dentro de uma hora terá que estar no meio dos sofrimentos eternos, ela se retira para o coração (que, de todos os membros, é primum vivens, e ultimum moriens — o primeiro que vive e o último que morre). Faz então esta dolente lamentação consigo mesma: “Oh, que miserável patife eu sou! Como me envolvem as angústias da morte! Como me apavoram as torrentes de Belial (2Sm 22.5)! Na verdade, os laços da primeira e da segunda morte logo me apanham de vez. Oh, quão inesperadamente a morte se insinuou de forma imperceptível, grau após grau, assim como o sol, que os olhos não percebem que se move, apesar de se mover velozmente! Como a morte descarrega sobre mim o seu rancor, sem piedade! O Deus de misericórdia me abandonou completamente; e o diabo, que não conhece misericórdia alguma, está à espera para me levar. Quantas vezes eu fui advertido deste doloroso dia pelos fiéis pregadores da Palavra de Deus, e eu só zombava disso! Que proveito eu tenho agora de todo o meu orgulho, de uma bela casa, de roupas brilhantes? Em que deu o gostoso sabor de todos os meus deliciosos manjares? Todos os bens terrenos que juntei com tanto zelo, eu agora daria por uma boa consciência, que tão relaxadamente negligenciei! E que alegria sobra agora de todos os meus gozos carnais de antes, nos quais eu punha o meu maior prazer? Aqueles tolos gozos eram apenas sonhos enganosos, e agora estão no passado, como sombras que se desvanecem. Contudo, só pensar nas dores eternas que terei que suportar por aqueles curtos prazeres me dói como o inferno antes de eu entrar nele. Todavia, com justiça, confesso, tenho sido tratado como mereço, pois quantas bênçãos recebi! Fui criado à imagem de Deus, com uma alma racional, capaz de julgar por mim mesmo o meu estado.
 A misericórdia me foi oferecida tantas vezes e, sendo instado a recebê-la, eu negligenciei a graça de Deus, preferindo os prazeres do pecado ao cuidado religioso de agradar a Deus. Vivi licenciosamente o meu curto tempo, sem considerar as contas que eu teria de prestar no fim definitivo. E agora, juntando todos os prazeres da minha vida, eles não se equiparam nem à mínima parte das dores que agora sofro: as minhas alegrias foram apenas momentâneas e elas se foram antes de eu desfrutá-las mais um pouco; as minhas misérias são eternas e jamais terão fim. Oh, quanto tempo consumi com as cartas, os dados, o jogo e outras práticas vis! Se tão-somente eu tivesse passado esse tempo lendo as Escrituras, ouvindo sermões, recebendo a comunhão, chorando por meus pecados, jejuando, vigiando, orando e preparando a minha alma, para agora poder partir firmado na segura esperança da salvação eterna! Oh, se agora eu pudesse recomeçar a minha vida! Como eu desprezaria o mundo e as suas vaidades! Quão religiosamente e com que pureza eu levaria a minha vida! Como eu frequentaria a igreja e santificaria o dia do Senhor! Se satanás me oferecesse todos os tesouros, prazeres e promoções deste mundo, ele nunca me instigaria a esquecer os terrores desta terrível hora final. O corrupta carcaça, porém, ó podridão repugnante! Como o diabo nos ilude! E como servimos e enganamos uns aos outros, e atraímos veloz condenação sobre nós dois! Agora o meu caso é mais miserável do que o do animal que perece num fosso, pois terei de responder diante do trono de juízo do justo Juiz do céu e da terra, onde não tenho nada para dizer em meu favor. E esses iníquos, que têm o segredo de todos os meus delitos, vão me acusar, e eu não posso me desculpar; o meu próprio coração já me condena. Portanto, só tenho que ser condenado diante do tribunal divino, e, em consequência, serei levado por esses demônios infernais para aquela horrível prisão de tormentos e de trevas completas, onde nunca mais verei luz, aquela primeira coisa supinamente excelente que Deus criou. Eu, que me gloriava anteriormente em ser um libertino, agora estou preso nas garras de satanás, como a trêmula perdiz presa entre as apertantes unhas do voraz falcão. Onde vou me alojar esta noite — e quem serão os meus companheiros? Que horror, só em pensar! Que aflição, só considerar isso! Maldito o dia em que nasci, e não haja bênção para o dia em que a minha mãe me trouxe à luz! Maldito o homem que anunciou ao meu pai: ‘Nasceu-lhe uma criança’, e o animou; maldito esse homem, porque não me matou! Oh, se minha mãe fosse o meu túmulo, ou seu ventre uma concepção perpétua! Como foi que eu saí do ventre materno para suportar estas angústias infernais e os meus dias viessem acabar numa vergonha eterna? Maldito o dia em que fui unida inicialmente a um corpo tão vil! Oh, se eu tão-somente recebesse o grande favor de nunca mais ver você! Nossa despedida é amarga e dolorosa, mas o nosso reencontro, para recebermos naquele pavoroso dia a plenitude da merecida vingança contra nós, será muito mais terrível e intolerável. No entanto, como pretendo eu, com tão tardia lamentação, procurar prolongar o tempo? Minha última hora chegou, ouço rebentarem as cordas do coração: esta suja casa de barro cai em cima da minha cabeça; aqui não há nem esperança, nem socorro, nem lugar de mais permanente habitação. E devo partir, suja carcaça? Oh, carcaça imunda! Com adeus, adeus, eu a deixo”.
E assim, toda trêmula, a alma sai e imediatamente é agarrada pelos demônios infernais que a levam com a violência de caudalosas torrentes para dentro do lago sem fundo que arde com fogo e enxofre. Ali ela é mantida prisioneira em tormentos,1 até o juízo geral do grande dia (Ap 21.8; Jd 6; IPe 3.19).
Depois, a repugnante carcaça é lançada no túmulo. Ato no qual, na maior parte, os mortos enterram os mortos, isto é, os que estão mortos no pecado enterram os que estão mortos para o pecado. E assim o mundano sem Deus e não regenerado, que fez da terra o seu paraíso, do seu ventre o seu deus, da sua luxúria a sua lei, assim como em sua vida semeou vaidade, assim também, agora morto, colhe miséria. Em sua prosperidade negligenciou servir a Deus; em sua adversidade Deus Se recusa a salvá-lo. E o diabo, a quem ele por muito tempo serviu, agora finalmente lhe paga o seu salário. Detestável foi a sua vida, condenável é a sua morte. O diabo tem a sua alma, o túmulo tem a sua carcaça, e nesse poço de corrupção, cova da morte, calabouço de angústia, deixemos o miserável pecador a se putrefazer com a boca cheia de terra, o seu ventre cheio de vermes e a sua carcaça exalando mau cheiro. Ali ele espera uma ressurreição amedrontadora, quando o corpo será reunido à alma para que, assim como pecaram juntos, sejam atormentados juntos eternamente.

sábado, 21 de abril de 2012

INTRODUÇÃO À SOTERIOLOGIA - Por Irio Ferreira


Seminário de Teologia


                                                              

A. W. Pink assim escreveu:

“Cada uma das Três Pessoas da Santíssima Trindade desempenha um papel em nossa salvação: o Pai, quanto à predestinação; o Filho, quanto à propiciação; e o Espírito Santo, quanto à regeneração. O Pai nos escolheu; o Filho morreu por nós; o Espírito Santo nos vivifica. O Pai Se preocupou conosco; o Filho derramou Seu sangue por nós; e o Espírito Santo realiza Sua obra em nós”[1].

A soteriologia é o estudo da salvação humana. A palavra é formada a partir de dois termos gregos Σοτεριος [Soterios], que significa "salvação" e λογος [logos], que significa "palavra", ou "estudo".
Cada religião oferece um tipo diferente de salvação e possui sua própria Soteriologia, algumas dão ênfase ao relacionamento do homem em unidade com Deus, outras dão ênfase ao aprimoramento do conhecimento humano como forma de se obter a salvação.
O ponto de vista teológico representado em nosso Seminário é o do Cristianismo evangélico a partir de uma perspectiva reformada ou calvinista. A soteriologia reformada tem muito em comum com outras soteriologias evangélicas, mas tem certas ênfases distintas.
O ponto em comum é que cremos que Cristo pela sua total obediência ao Pai e pelo seu sofrimento, morte e ressurreição, conquistou-nos a salvação do pecado e  de todas as suas conseqüências. 1
As ênfases distintas são o que conhecemos como os cinco pontos do calvinismo.
Os Cinco Pontos do Calvinismo, (conhecidos pelo acróstico TULIP, referente às iniciais dos pontos em inglês) são uma síntese dos cânones teológicos definidos no Sínodo de Dordrecht, no âmbito da disputa entre calvinistas e arminianos acerca das doutrinas da Graça e da Predestinação. Eles refletem a soteriologia típica do movimento calvinista, interpretando a natureza da graça de Deus na salvação da criatura humana. Seu eixo é a afirmação de que Deus é perfeitamente capaz de salvar cada pessoa que Ele tenha a intenção de tornar objeto de sua graça salvadora e que seu trabalho não pode ser frustrado por algo ou alguém que fique no caminho, na tentativa de impedir sua conclusão.
Esses Cinco Pontos são:
  • Depravação total do homem;
Também chamada de "depravação radical", "corrupção total" e "incapacidade total". Indica que toda criatura humana, em sua condição atual, ou seja, após a queda, é caracterizada pelo pecado, que a corrompe e contamina, incluindo a mente. Por isso, afirma-se que ninguém é capaz de realizar o que é verdadeiramente bom aos olhos de Deus. Em contrapartida, o ser humano é escravo do pecado, por natureza hostil e rebelde para com Deus, espiritualmente cego para a verdade, incapaz de salvar a si mesmo ou até mesmo de se preparar para a salvação. Só a intervenção direta de Deus pode mudar esta situação.
  • Eleição incondicional;
Eleição significa "escolha". É a escolha feita por Deus desde toda a eternidade, daqueles a quem ele concedeu a graça da salvação. Esta escolha não se baseia no simples mérito, ou na fé das pessoas que ele escolhe, mas se baseia em sua decisão soberana e incondicional, irrevogável e insondável. Isso não significa que a mesma salvação final é incondicional, mas que a condição em que assenta (fé) é concedida também pela graça de Deus, como seu presente para aqueles a quem Ele escolheu incondicionalmente.
  • Expiação limitada;
Também chamada de "redenção particular" ou "redenção definida", significa a doutrina segundo a qual a obra redentora de Cristo foi apenas visando a salvação daqueles que têm sido alvo da graça da salvação. A eficácia salvífica do Cristo redentor, então, não é "universal" ou "potencialmente eficaz" para quem iria recebê-lo, mas especificamente designada para tornar possível a salvação daqueles a quem Deus Pai escolheu desde antes da fundação do mundo. Os calvinistas não acreditam que a expiação é limitada em seu valor ou poder (se Deus o Pai quisesse, teria salvo todos os seres humanos sem excepção), mas sim que a expiação é limitada na medida em que foi destinada para alguns e não para todos.
  • Vocação eficaz (ou Graça Irresistível);
Também conhecida como "graça eficaz", esta doutrina ensina que qualquer influência do Espírito Santo de Deus é irresistível, superando toda e qualquer resistência. Quando então, Deus soberanamente visa salvar alguém, o indivíduo não será bem sucedido se tentar resistir.
  • Perseverança dos santos.
Também conhecida como "preservação dos santos" ou "segurança eterna", este quinto ponto sugere que aqueles a quem Deus chamou para a salvação, e depois, à comunhão eterna com ele (" santos ", segundo a Bíblia) não podem cair em desgraça e perder sua salvação. Mesmo que, em suas vidas, o pecado os leve a renunciar à sua profissão de fé, eles (se eles são autênticos eleito), mais cedo ou mais tarde, retornarão à comunhão com Deus Essa doutrina é baseada na suposição de que a salvação é obra de Deus do começo ao fim, que Deus é fiel às Suas promessas, e que nada nem ninguém pode impedir Seus propósitos soberanos. Este conceito é ligeiramente diferente do conceito usado em algumas igrejas evangélicas, de "uma vez salvos - salvos para sempre", apesar da apostasia, a falta de arrependimento ou a permanência no pecado, desde que eles tiverem realmente aceito a Cristo no passado. No ensino tradicional calvinista, se uma pessoa cai em apostasia ou não mostra mais sinais de arrependimento genuíno, pode ser prova de que ele nunca foi realmente salvo, e, em seguida, que não fazia parte do número dos eleitos.
No primeiro capítulo de seu livro “Salvos pela graça”, livro que utilizaremos em nossa grade, Anthony Hoekema, descreve bem a idéia dos cinco pontos com suas ênfases distintivas. 
O fator decisivo para a determinação de quem será salvo do pecado não é a decisão dos seres humanos envolvidos, mas a graça soberana de Deus_ ainda que a decisão humana tenha papel significativo no processo.
A teologia Católica Romana e Arminiana ensinam que o fator decisivo para a determinação de quem será salvo é a decisão humana.
A ênfase no livre-arbítrio tem levado a escola católica e Arminiana a negar as principais doutrinas soteriológicas, como por exemplo, A justificação pela graça mediante a fé, ainda que os arminianos façam isso de forma inconsciente.
A teologia reformada não nega a responsabilidade humana no processo da salvação do homem. Em contrapartida confessamos que a responsabilidade humana é um fator secundário. Somente Depois de haver Deus regenerado seu Eleito, é que este por sua vez pode decidir por Cristo, haja vista, que todos estamos mortos em nossos delitos e pecados (Depravação total), e por causa disso na temos condições de buscar a Deus. 
A aplicação da Salvação ao povo de Deus tem suas raízes no decreto eterno de Deus, segundo o qual ele escolheu seu povo para a vida eterna, não com base em qualquer mérito da parte desse povo, mas somente pelo próprio prazer de Deus.
Alguns arminianos dizem que Deus elegeu seu povo porque previu que tais indivíduos aceitariam a oferta do evangelho.
Esse pensamento mesmo que de forma inconsciente não glorifica a Cristo, pois o mérito da salvação recai sobre o próprio homem, além de negar a inabilidade humana. Pense; Se fé é dom de Deus, obviamente Deus só poderia prever fé na vida daqueles que ele mesmo concedeu o dom. se Deus na dá o dom da fé, ele nunca poderia prever aceitação na vida do homem para elegê-lo.  Concluímos que a precedência não pode ser a base da eleição.